quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Agastache



O Agastache ou, se preferirem – e muitos preferem – chamar-lhe Hissopo-anisado, ou Hortelã-alcaçuz, é uma das plantas aromáticas mais fascinantes do meu jardim de aromáticas e medicinais. É originário da América do Norte e possui outras variedades, tais como o Huo xiang (A. rugosa) nativo do Leste da Ásia e o Hissopo-gigante-mexicano (A. mexicana).


Para mim começou por ser uma enorme curiosidade, ou melhor, uma inquietação, um pressentimento de algo que viria para a minha vida para ficar, ficar para sempre.

Quando me chegou às mãos olhei-o com um enorme interesse e acompanhei o seu desenvolvimento dia-a-dia, apaixonadamente, certo como estou de que a natureza é uma imenso livro e de que um dos objectivos fundamentais da vida é folheá-lo lentamente, num processo lento e profundamente sentido de quem sabe que cada revelação é uma marca que fica para toda a vida. E ele lá foi colhendo a luz do sol e as gotas de chuva com as suas folhas muito nervuradas, em forma de coração pontiagudo, de um verde-claro e com um perfume que me fez cerrar os olhos numa aspiração que quase as sorveu.

Que querem que vos diga? Apaixonei-me. A partir desse momento o Agastache começou a fazer parte da minha vida de forma muito marcada: comecei por experimentá-lo num prato de massa, uma simples prato de massa de com carne a que adicionei, já no final, uns três minutos antes de retirar do lume, três folhas de Agastache picadas. O aroma maravilhoso desta planta agarrou-se aos seus companheiros de panela e transportou-os para outra dimensão olfactiva, que se introduzia no paladar e no gosto de forma tão evidente e agradável que decidi experimentá-lo noutras aplicações. Uma delas, que me acompanha durante todo o ano, é o azeite aromatizado com Agastache. Gotejado sobre uma salada, ou sobre um peixe ou carne grelhados confere a estes alimentos uma estética e uma vertigem sensorial inultrapassáveis. Mas não se fica por aqui, mostrando-se em todo o seu esplendor num chá, ou adicionado a marinadas de peixe e marisco, em pratos de frango, de carne de porco, com tomates, feijão, courgetes, em sobremesas de fruta como pêssegos, mirtilos peras, ameixas e… no mel. Colocando num frasco umas folhas de Agastache e cobrindo-as de mel, este vai adquirindo o seu aroma e depois a imaginação dita o resto.

No jardim é maravilhoso, com as suas folhas rugosas e espigões florais lilases a quem as borboletas e outros insectos não dão descanso. Nem a mim, que rodopio à sua volta de Nikon na mão e lente macro apontada, numa tentativa de agarrar, de cristalizar o momento em que se dá a fusão plena da cor com movimento. Que mais pode desejar um apaixonado da natureza?

Numa das próximas Oficinas Naturidades irei desenvolver este tema. A ver se vos contagio.

Até breve.

Carlos Venade

Naturidades

2 comentários:

  1. Boa tarde,

    A variedade a que se refer no texto é o Agastache foeniculum?
    Onde é que se pode arranjar?

    Cumprimentos,

    Luís Corte-Real

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  2. Olá, Luís. Desculpe só agora lhe responder mas a preparação das actividades e a respectiva realização têm-me ocupado o tempo todo. Ainda por cima, a temporada micológica está aí com toda a força e tenho de a aproveitar, o que significa que o meu horário é, à boa maneira antiga, de estrelas a estrelas.
    A espécie de Agatache a que me refiro e que por lapso meu não referi, é, de facto, a foeniculum.
    Esperamos receber notícias suas frequentemente neste blogue ou através de e-mail. Esperamos também poder conhecê-lo pessoalmente numa das nossas actividades.
    Cumprimentos.
    Carlos Venade - Naturidades

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